Organizações se unem para a conservação de espécies em risco de extinção 70113g

0
3549

Inaugurado há pouco mais de 3 meses no país, o Centro de Sobrevivência de Espécies Brasil (CSE Brasil) é uma iniciativa internacional que tem como objetivo a cooperação estratégica entre diversos atores e a ação para garantir a sobrevivência de espécies silvestres de flora, fauna e fungos. 7422b

O Centro foi co-fundado pela Comissão de Sobrevivência de Espécies da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN SSC), o SSC Grupo Especialista em Planejamento de Conservação (SG) e o Parque das Aves

Conforme explicou a colaboradora do Parque das Aves e oficial de programa do Centro de Sobrevivência de Espécies Brasil, Eugenia Cordero Schmidt, o trabalho é realizado a partir de metodologias já construídas, orientadas pela IUCN e faz a conexão entre pessoas e dados nacionais e internacionais. “Para as espécies não existem fronteiras políticas. Assim, há momentos em que trabalhamos com uma estratégia voltada para regiões e outros em que é melhor atuar numa escala maior para ter mais impacto”. O trabalho acontece da seguinte forma: a IUCN  tem a chamada “Lista Vermelha”, um inventário que fornece informações relacionadas ao estado de conservação global de plantas, animais e fungos e também um método padrão e replicável para avaliar o risco de extinção de uma espécie. Nessa etapa, o CSE trabalha na articulação da integração das avaliações de risco de extinção realizadas em nível nacional pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e a avaliação realizada a nível global pela IUCN, de forma a inserir cada vez mais espécies endêmicas brasileiras na Lista Vermelha Global, dando às espécies e aos pesquisadores brasileiros maior visibilidade internacional e onde potenciais oportunidades de financiamento possam aparecer.

A partir de então, o SG  promove oficinas de planejamento de conservação para  analisar questões como a visão de futuro para a espécie, análises das possíveis ameaças e como trabalhar com elas, identificação das pessoas-chave que vão atuar e quais ações serão desenvolvidas. Depois desta parte de planejamento, começa a fase de ação. 

“Ano ado fizemos oficinas de planejamento  com uma espécie de tubarão que está presente no mundo todo, mas trabalhamos com o planejamento regional entre Brasil, Argentina e Uruguai. Foi uma super experiência porque além de ser transfronteiriço, encaramos todo o processo de forma virtual. Outra iniciativa que estamos focados agora é o projeto bandeira de aves da Mata Atlântica, liderado pelo Parque das Aves. Na esfera do planejamento, já fizemos mais de 7 oficinas com diferentes espécies que nesse momento precisam de mais atenção. E na parte de ações, existem projetos e instituições parceiras que  fazem o monitoramento de ninhos, trabalho com populações em cativeiro e outros”. 

O SSC já estabeleceu nove centros de sobrevivência de espécies em sete países. Outros centros existem na Argentina, Austrália, Estados Unidos, Portugal, Reino Unido e Singapura. No Brasil, a sede do Centro fica em Foz do Iguaçu (PR).

 O Centro de Sobrevivência de Espécies Brasil foi fundado como parte de uma onda de lançamentos de pólos regionais sob o movimento global #ReversetheRed (“Reverta o vermelho”, em tradução livre), em referência à lista vermelha de espécies ameaçadas.

Projetos em andamento

Alguns exemplos de projetos que estão em andamento mostram a integração entre os diversos atores que atuam na conservação de espécies. Nos itens a seguir, estão os projetos e as respectivas organizações envolvidas, seja na fase de planejamento e/ou ação.

  • Oficina de Análise de Viabilidade Populacional de papagaios. Espécies: Papagaio-charão (Amazona pretrei); Papagaio-de-cara-roxa (Amazona brasiliensis) e Papagaio-de-peito-roxo (Amazona vinacea).

Organizações: Instituto Claravis, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), Programa Papagaios do Brasil, IUCN SSC Grupo Especialista em Planejamento de Conservação (SG) e Centro de Sobrevivência de Espécies Brasil (CSE Brasil);

  • Contribuições para o planejamento estratégico para a conservação do tubarão Carcharias taurus no Atlântico Sudoeste. Espécie: Tubarão Mangona (Carcharias taurus).

Organizações: Wildlife Conservation Society Argentina, Fundación Vida Silvestre Argentina, IUCN SSC Grupo Especialista em Planejamento de Conservação (SG) e Centro de Sobrevivência de Espécies Brasil (CSE Brasil);

  • Oficina para Elaboração do Plano de Ação e Estratégias de Manejo Integrado para Conservação da Saíra-apunhalada. Espécie: Saíra-apunhalada (Nemosia rourei)

Organizações: Instituto Marcos Daniel, Instituto Claravis, Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves (CEMAVE), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), IUCN SSC Grupo Especialista em Planejamento de Conservação (SG) e Centro de Sobrevivência de Espécies Brasil (CSE Brasil);

  • Recomendações de boas práticas para translocação do Bicudo. Espécie: Bicudo (Sporophila maximiliani).

Organizações: Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves (CEMAVE), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), IUCN SSC Grupo Especialista em Planejamento de Conservação (SG), Centro de Sobrevivência de Espécies Brasil (CSE Brasil);

  • Abordagem de um plano único para 15 espécies ameaçadas de primatas e uma preguiça. 

Organizações: Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas Brasileiros (B), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Associação de Zoológicos e a Aquários do Brasil (AZAB), IUCN SSC Grupo Especialista em Planejamento de Conservação (SG) e Centro de Sobrevivência de Espécies Brasil (CSE Brasil);

  • Avaliação ex situ para planejamento integrado de conservação para Galliformes e Tinamiformes no Brasil.

Organizações: Instituto Claravis, Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves (CEMAVE), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), SAVE Brasil, IUCN SSC Grupo Especialista em Planejamento de Conservação (SG) e Centro de Sobrevivência de Espécies Brasil (CSE Brasil).

As Listas Vermelhas de fauna e flora do Brasil

A Lista Vermelha é um indicador da saúde da biodiversidade do mundo e organiza informações para promover ações de conservação da biodiversidade e mudança de políticas, essenciais para proteger os recursos naturais. Segundo o CSE Brasil, desde 2010 o país adota a Lista Vermelha Nacional como estratégia para cumprir o acordo da CDB e a Meta 12 de Aichi. O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) coordena as avaliações de risco de extinção para todas as espécies de vertebrados que ocorrem no território nacional e para alguns grupos de invertebrados, enquanto o Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ) coordena as avaliações das espécies da flora. Este trabalho subsidia a revisão, pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), da Lista Nacional de Espécies Ameaçadas. É um processo cíclico, com reavaliações a cada cinco anos. Eles contam com a colaboração de centenas de especialistas das mais diversas instituições de ensino e pesquisa do país e do exterior, fornecendo e revisando os dados.

Reunião do Grupo Especialista em Planejamento de Conservação (SG) realizada em Foz do Iguaçu em fevereiro de 2020.

DEIXE UMA RESPOSTA Cancelar resposta 4i4e6f

Digite seu comentário
Digite seu nome